UruBumbaGuelé - Arapiraca, dia 26 de Novembro de 2010.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Prêmio Alagoas em Cena 2010: Espetaculo UruBumbaGuelé

JUSTIFICATIVA

Acreditamos que a busca por tomadas de atitudes investigativas que corroborem o entendimento do ethos da presença afro-descendente em atividades corporais é sempre um marco essencial para o desenvolvimento de uma postura, que favoreça o olhar contemporâneo sobre linguagens não etnocêntricas, como bem define APPIAH (1997:26): “Todos vivenciamos o poder persistente de nossas próprias tradições cognitivas e morais: na religião, em eventos sociais como funerais, em nossa experiência da música, em nossa prática da dança e, é claro, na intimidade da vida familiar”.

A Capoeira com as suas movimentações corporais, canções e toques do berimbau, revelam posturas de resistência que tentam propiciar múltiplas estratégias de sobrevivência de várias pessoas, nas quais estas práticas culturais, ainda negadas, estigmatizadas e objetificadas por uma força hegemônica e dominante, de caráter eurocêntrica atuante em Maceió, que conseqüentemente atinge os cursos já citados.

No decorrer da história, o Bumba-meu-boi, localizado neste terreno vem sendo objeto de análise e inspiração para as inovações que demarcam os estilos de vanguarda no mundo da música, da dança e da estética alagoana. A contemporaneidade tem demonstrado forte tendência para a percepção e valorização das artes, a partir de suas matrizes culturais. Em Maceió, várias manifestações têm marcante visibilidade graças “às suas matrizes ibéricas, indígenas e, sobretudo, africanas,” (BIÃO, 2000:56). Já a dança Uolof com as suas marcações rítmicas sincopadas que estão presentes nas musicalidades e movimentações da Capoeira e do Bumba-meu-boi.

A cultura da dança com base nas manifestações populares em Alagoas, está em permanente processo de construção e reconstrução, agregando novos saberes e experiências, portanto é pertinente a produção e circulação de trabalhos artísticos deste porte, no qual contribuiremos na divulgação da cultura assim como na elevação da auto-estima dos indivíduos envolvidos com a luta contra a exclusão social.

Neste sentido ressalto que a relevância temática da pesquisa reside no fato dela contribuir para o debate que se estabelece atualmente, não só na área artística, mas também nas áreas da Cultura, da História, Etnocenologia, da Estética e da Antropologia Cultural.

Faz-se necessário hoje, que além da prática corporal se estimule o conhecimento histórico destas tão importantes manifestações culturais, não só através da Capoeira e do Bumba-meu-boi enquanto exercícios corporais, mas também como preservação e construções das identidades em Alagoas.

Por isso justifico, mediado pela análise e resultados positivos pela prática de arte educador no qual a força destas culturas nos círculos sociais e que esses mesmos signos podem ser usados para a significação, re-significação identitária no conjunto da sociedade, principalmente, nos espaços educativos. Outro argumento é que a Capoeira foi reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira de fundamental importância para o saber e desenvolvimento psico-social dos alagoanos como também outras manifestações de origens africanas, afro-brasileira e indígenas nas aplicações das leis 10.639/2003 e a 11.645/2008.